segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um poema - II

O SOBRENATURAL

O sobrenatural
Se esconde embaixo da cama
Espelhos e cortinas
Vozes, sopros, aparições
Vindas de outras dimensões
- É sina.

São segredos de Deus
Que rebentam na escuridão
Em noite de lua cheia
Ou dia de procissão
Nos terços das beatas
Milagres, ritos e meditação

Seriam também anjos
Ou almas que vagam sofridas
em rastros de temor
Mas se uma alma vive em ti
Somos iguais no medo e na dor

O sobrenatural
Paira sobre o natural
É o óbvio que não se enxerga
O acontecimento que prevemos
E depois do acontecido, descremos

Se é somente alucinação
Engodo, medo sem explicação
Ainda assim o sobrenatural vive em nós
E negá-lo, aniquilá-lo
Seria calar sua própria voz.


Julia Lima

1 comentário:

Eduardo Henriques disse...

Gostei.
CRIAÇÃO
Antes de encontrar o marfim
Percebi que não tem fim
O humano confim.
Oh encontro humano
Que nos dás ufano
O seguir do arcano.
Materno amor doador
Ventre criador
Até ao filho continuador.
Oh nascer
Com amor no crescer
A novo florescer.
Ser que, novo corpo perfilha.
Mãe! Já foste filha.
E também a minha ilha.
Sublime ventura
No caminhar desta aventura
De humana criatura.
Espaço infindo.
Choro de prece pedindo.
Quanto no mundo, sem ser visto é temido.
Até pelo ser mais destemido.
Cerúleo, que o bem, pelo todo vais espargindo
E a humanidade ungindo.
Chora a criança na sua infância
Curta distancia
Na humana circunstancia.
Enquanto caminho a novo amanhecer
No vórtice deste padecer
Até ao encontro do nosso merecer.
Sol! Que nos aqueces
E todos os dias nos apareces
Na obra de todas as cósmicas preces.
Neste caminhar, todos os cânticos são sentidos
E assim os astros reunidos
Navegam compreendidos.
Mas quantos restam escondidos?
Divino tentáculo
Hercúleo espectáculo
À vida sustentáculo.
Mas, quanto nos resta aprender?
Até sabermos compreender
O todo que há para entender.
E acompanha o nosso pertencer.
E até, nos ajuda a vencer.

Eduardo Dinis Henriques