segunda-feira, 21 de abril de 2008

Um poema

MORTE E VIDA

Viveria para morrer
Se a morte fosse celebrada
Como um começo
E recomeço
De girassóis a nascerem
Num túmulo sem endereço

Viveria para morrer
Se a morte fosse serena e bela
Esboçada num sorriso
Como a brisa da janela
Na derradeira casa em que vivi

Viveria para morrer
E renascer
Mil vezes mais
Do que cada célula do meu corpo
Pudesse contar sobre mim
Antes que tudo desaparecesse
E retornaria, enfim

Viveria para morrer
Sem agonia
Ou êxtase
Mas apenas a sabedoria
De viver o presente que a vida nos dá

Viveria para morrer
Se assim tivesse de ser
Para então compreender
O que é a vida.


Julia Lima

2 comentários:

Sebastião disse...

Viveria para morrer se não soubesse que morreria. Afinal somos "cadáveres adiados”, frutos do que fizemos o do que deixamos de fazer. Enfim… resta-nos tudo o que é resto: estar vivos e aproveitar!
Gostei muito do teu poema!
Beijinhos, Sebastião.

Eduardo Henriques disse...

Gostei do poema é lindo.
Toda a vida, já é morte. Fluxo e refluxo da energia cinética do presente e do futuro

SEGREDOS
Longe, afora alma
Abraço mundos
De divina calma.
Caminhos infindos.
De ideais lindos.
De quem, por mais saber clama.
Mas o mundo, não é, só luz que inflama
A alma dos avindos.
Há também locais hediondos.
Que, à existência nos chama
E exacerba medos profundos.
Oh assim voar!
Sem peso. Sem solidão.
É como ao mundo doar
A celeste imensidão.
É saber perdoar
Tudo o que foi ingratidão.
É viver sem magoar
Seguindo com rectidão
Nosso humano toar.
Celeste de tantos segredos.
Sois de infinitos degredos.
E de piedosos credos.
Na virtuosidade de vossos mereceres.
Que, os mundos de mais saberes
Purifiquem universais éteres.
Ao universal encontro de todos os seres.

Eduardo Dinis Henriques