quarta-feira, 9 de julho de 2008

Catarina, a Grande


Já faz mais de um ano que ganhei uma gata, Caty. Foi meu primeiro animal de estimação, já que nunca me foi concedido pela minha mãe o direito de ter um gato ou cachorro em casa. Meses antes de conhecê-la, indo morar em Madrid, manifestei aos amigos a vontade de ter um animalzinho. A maioria me aconselhou a ter cachorros, porque gatos “são esnobes, pouco atenciosos e nada carinhosos”. Ledo engano. O desejo continuou, e foi crescendo de tal maneira que, como muitas coisas em minha vida, logo se realizou.

Tudo começou quando conheci meu atual marido português, Nuno, que na época estava visitando Madrid. Começamos a namorar, e logo depois ele adotou Caty de uma maneira atípica. Conhecia-a da rua, perto de casa, e se impressionava com o jeito amistoso com que ela miava sempre que ele passava por ali - e respondia-lhe com brincadeiras. Até que um dia foi correr na rua e encontrou-a atropelada, desmaiada, o maxilar totalmente destroçado. Com muita pena, Nuno resolveu salvar sua vida, levando-a ao veterinário e se endividando para pagar sua operação.

Quando estava curada, a veterinária recomendou cautela, pois, de uma maneira geral, os gatos vira-latas são arredios e não se adaptam à vida no lar. Outro engano. De início, Caty se mostrou um pouco medrosa, desconfiada, devido à violência do acidente; mas não demorou para que pulasse nos ombros de Nuno e se enrolasse no pescoço dele, como um casaco de pele! - hábito que mantém até hoje. Comecei a visitá-lo regularmente, e o carinho de Caty para comigo não era menor. Belíssima (como a maioria dos gatos), muito carinhosa (como a minoria dos gatos), atenciosa, brincalhona, aquela gata - modéstia à parte - era realmente irresistível. Tanto que meu marido prometeu devolvê-la à rua logo que se recuperasse totalmente, por achar que lá ela teria mais liberdade e seria mais feliz do que num apartamento...Mas nunca conseguiu desgarrar-se dela.

Logo fui morar junto com Nuno em Braga, Portugal - nos casamos - e passei a ter uma gata que nos recebia todos os dias na porta, fazendo festa, subindo sempre no nosso colo, nos fazendo carinho com a própria patinha, dormindo abraçado, brincando de correr, olhando fixamente para nós sempre que estávamos junto dela...Seus olhos, muito expressivos, nos dizem tanta coisa sem dizer nada! E até mesmo quando mia, ela sabe como pedir algo ou responder às nossas perguntas, pois entende boa parte do que estamos dizendo. Por exemplo, basta dizer “papai chegou” para que ela vá correndo para a porta receber o Nuno!, rsrs... Sim, temos Caty como uma filha. Pode parecer bobagem, mas no meu inconsciente ela está representada assim - a ponto de a inocência e os gestos das crianças na rua sempre me lembrarem ela. Às vezes tenho ímpetos de mãe superprotetora (rsrs), quando a impeço de passear no parapeito da janela, ou carrego-a pela casa como um bebê...

Obviamente, é grande o meu desejo de ser mãe um dia, mas Caty jamais perderá o seu lugar no meu coração. Ela é especial. Sente quando estamos tristes, quando queremos ficar sozinhos ou precisamos da sua presença. A cada dia ela me surpreende mais com sua sensibilidade. E à veterinária também, ao revê-la depois de um tempo: “É uma gata de rua muito diferente! Carinhosa...faz até ron-ron!”, exclamou, sorrindo. Com todas essas virtudes juntas, só mesmo Caty – apelido de Catarina, a Grande (rsrs) –, uma gata de porte pequeno e coração gigante. Explicando assim, é fácil entender o nosso amor por ela.

4 comentários:

Unknown disse...

Filha, é muito lindo seu depoimento para Caty e como sabemos que nada é por acaso, não deve ser a toa que Nuno e vc tem este amor por ela, ela com certeza é muito especial e faz muito bem a vcs, fico muito feliz por isto.
bjs
Mami

Unknown disse...

Julia,
Que linda a sua gata!
Não conheço o seu marido, mas já ganhou o meu respeito por ter socorrido Catarina, quando a maioria das pessoas ficaria com pena mas não faria nada. Eu acredito que nada na vida é por acaso, e sei que estava escrito que seria Nuno que salvaria a vida dela.
E é claro que ela é sua filha! Se vc perguntar pra ela, ela irá responder: miau (sou filha de Julia)!
Beijo.

Gabriel disse...

Oi Julia,
Que bela história a da Caty. Comecei a gostar de gatos através da minha namorada que tem um casal. Em julho me mudei para uma casa e como você nunca tinha tido um animal de estimação, agora tenho um cachorro vira-lata chamado Pimenta que parece o Pluto e um gato chamado Frajola que é o próprio Frajola. Todos dois são muito dóceis e amigos. Nesse final de semana descobri na varanda novos moradores num ninho de passarinhos. Ao retornar a uma casa redescobri muitas coisas e que há sempre tempo parta viver aquilo que não vivemos. Um puxão de orelha na Dona Ana Lídia por não tê-la deixado ter um bichinho. Bjs do seu primo Gabriel Melser

Gabriel disse...

Oi Julia,
Que bela história a da Caty. Comecei a gostar de gatos através da minha namorada Maura que tem um casal. Em julho me mudei para uma casa e como você nunca tinha tido um animal de estimação, agora tenho um cachorro vira-lata chamado Pimenta que parece o Pluto e um gato chamado Frajola que é o próprio Frajola. Todos dois são muito dóceis e amigos. Nesse final de semana descobri na varanda novos moradores num ninho de passarinhos. Ao retornar a uma casa redescobri muitas coisas e que há sempre tempo parta viver aquilo que não vivemos. Um puxão de orelha na Dona Ana Lídia por não tê-la deixado ter um bichinho. Bjs do seu primo Gabriel Melsert